DJ de Garopaba faz estreia internacional com shows na Bélgica e Hungria

 

  • Foto: Arquivo Pessoal - DJ de Garopaba faz estreia internacional com shows na Bélgica e Hungria




João Guilherme, conhecido como JG Dubz, relata a experiência de ter tocado fora do Brasil, com apenas 23 anos, enquanto mantém suas raízes

João Guilherme Gentilini, 23 anos, DJ e produtor de dubstep — um subgênero da música eletrônica — é morador de Garopaba e acaba de dar um passo importante na carreira: sua estreia internacional, com apresentações em dois países da Europa. Ele tocou em Antwerp, na Bélgica, e em Budapeste, na Hungria. Em entrevista ao RSC Portal, João contou sobre sua trajetória na música, sua relação com a cidade e como foi viver essa nova fase.

Natural de Taubaté (SP), João viveu grande parte da vida em Pelotas (RS). Em 2017, mudou-se para Garopaba, onde ficou por um ano antes de retornar ao Rio Grande do Sul. Em 2020, voltou à cidade catarinense, onde vive desde então

O dubstep é uma música eletrônica, mas de que tipo?

— Eu diria que dubstep é uma música eletrônica focada nos graves. Nas zonas dos graves, abaixo dos 300 Hz. É uma música que acredito que a galera de mais idade não gostaria de ouvir. Mas é algo que a nova geração possa ter mais familiaridade. 

Ele foi criado e se popularizou na Inglaterra, mais precisamente em Croydon, um bairro no sul de Londres. Hoje em dia é um bairro meio conturbado, mas na época foi onde surgiu o som, nas festas e raves locais.

 Como você conheceu o dubstep?

— Vendo um vídeo no YouTube de um gameplay do jogo “Far Cry 3”, onde numa missão toca uma música do Skrillex. Na época, eu era uma criança e eu ouvi e falei, “Nossa, eu nunca ouvi nada assim na vida” e daí eu descobri o nome da música “Make it Bun Dem”, depois disso, eu virei fã do Skrillex, comecei desse jeito, tendo contato com o dubstep americano, hoje em dia estou mais alinhado com o dubstep inglês.

Como foi este salto, de um ouvinte de dubstep para um produtor?

— É difícil explicar, não sei se foi foco ou uma vontade diferente. No início, eu só queria ouvir. Mas chegou um momento em que pensei: "Quero fazer isso também". Foi difícil, sofri, mas o resultado veio.

Você é considerado um dos principais nomes do dubstep no Brasil e já começa a trilhar uma carreira internacional. Como é viver esse momento?

–Isso é muito estranho, porque em 2017 já tinha um público e era algo que eu nunca conseguia visualizar, tipo, já tinha gente no Brasil também que conhecia, mas era algo que eu não tinha ideia, pô vivia minha vida em Garopaba, eu era só o João Guilherme que ia pro colégio com meus amigos e ficava falando bobagens. Quando eu fui no show na Bélgica e na Hungria e um monte de gente parava pra tirar foto e falar que me escutava, conhecia minha música há mais de anos, que eu reparei no tamanho disso e caraca isso é muito estranho.

Quando foi seu primeiro show, JG?

– Foi em 2022, São Paulo, agora eu não vou lembrar o mês,  mas eu acho que foi em Julho. 

E como é o teu dia a dia como produtor? Você trabalha só com suas músicas ou também para outros artistas?

— Trabalho com muita gente. Faço versões especiais de músicas, remixes, vendo stems (as faixas separadas de uma música). A maioria dos pedidos vem pelo Instagram. Às vezes acordo e já vou direto pro computador. Trabalho uma ideia, paro, volto... E assim vou finalizando os projetos.

Primeiro show em 2022, em 2025, agenda na Europa, como foi essa escadinha? Quando você recebeu a notícia de que iria fazer essa tour?

— Esse lance do show internacional, eu me lembro que fui para Floripa fazer o passaporte, e postei uma foto com o passaporte, comemorando. Logo depois disso os donos do evento Space Invaderz, que é o Atex, lá da Bélgica, e logo depois, o Pocak e o Arko, do evento da Hungria, da Blockz Academy, e eles iam fazer outro evento com a Space Invaderz, o cara começou a vir com uma ideia, como funcionaria toda a logística, e a gente foi conversando, demorou meses, foi quando eu soube que o show iria acontecer, no meio de 2024 eu já estava quase (100%) confirmado no evento, então no meio do ano passado eu já sabia, ano que vem vou fazer minha estreia internacional, então eu já fiquei em uma ansiedade, sem poder contar para ninguém. Eu não queria vazar informações, depois a gente foi conversando, ajustando logística e tudo. É muito estranho, parece que foi tudo um sonho, é um sonho que realizei, mas parece que foi um sonho estar lá no sentido de uma experiência diferente. É muito estranho lembrar hoje. 

Como foi a experiência de tocar com um de seus ídolos, o Subfiltronik?

— Foi muito bizarro. Tipo, ver um cara que admiro falar que me conhece, gosta da minha música, diz que sou gente fina e está aqui na minha frente, eu fiquei em choque. Se eu contasse para o meu de 2017, ele não iria acreditar.

Como é ser reconhecido internacionalmente, mesmo sendo pouco conhecido no Brasil? Isso muda tua relação com Garopaba?

–É muito doido. Aqui em Garopaba sou só o João Guilherme. Mas na Bélgica, por exemplo, teve um dia em que eu estava no estúdio, numa live no YouTube, e um cara comentou no chat que estava no mesmo estúdio. Ele apareceu pra tirar foto comigo. Dois caras, tremendo! É estranho e muito legal ao mesmo tempo como a música tem esse poder de ultrapassar barreiras.

Se pudesse falar com o João de 2017, o que diria?

— Diria: “Não para, mano. Vai dar resultado. Tu vai colher os frutos. Curte o momento, toca no sótão, pros amigos, e imagina que é um show. Se diverte”. É louco, parece até um universo paralelo.

E pro futuro, o que você planeja?

— Continuar produzindo e melhorando a qualidade. Ainda este ano vou lançar um álbum, com vários produtores que admiro. Quero continuar fazendo conexões como fiz nessa viagem à Europa.


Por Redação RSC

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